"Nestes dias de crise, mais vale ter emprego, mesmo que mau, desprotegido, sem direitos, precário, do que não ter emprego nenhum."

Pacheco Pereira. Sábado.

Acabaram-se os assaltos

De um dia para o outro, acabaram-se os assaltos em Portugal. De repente, os bancos estão completamente seguros e os empregados das áreas de serviço podem trabalhar perfeitamente descansados. Já não são precisos seguranças. O Carlos, que faz o turno da noite num comboio da linha de Sintra, pensa em tirar uns dias de férias, tal é o tédio ao passear pelas carruagens às duas da manhã. Aliás, os seguranças podem mesmo dedicar-se a outra actividade, até que um novo clima de insegurança surja. Mas o cenário parece bem longínquo, tal é a serenidade em que vivemos. Descansemos pois e gozemos estes dias de quase lazer gratuito.

Agora, as notícias são outras. As declarações dos políticos chegam de novo às manchetes, e até o nome de um navegador português que viveu entre os séculos XV e XVI é notícia de abertura nos telejornais, apesar da travessia do Estreito de Magalhães ser um feito com quase cinco séculos.

Tudo verdade? Não. Os assaltos continuam a existir, diariamente, em bancos, em áreas de serviço, nos transportes. Que a agenda mediática é “camaleónica” já sabemos, mas o alerta não deixa de ser necessário para aqueles que não se regem por critérios jornalísticos. A verdade é que o Carlos e os colegas não vão poder tirar férias tão cedo.

19/11/08